Semanas atrás entrou um passarinho pela janela. Antes que pudesse interceder, o meu gato o pegou e ele ficou ferido. Consegui tirar a ave dele e tentar cuidar. Guardei o pássaro numa casinha de cachorro/gato (aquelas de levar o animal para o veterinário) e usei como uma gaiola... Ele conseguiu viver uma noite, mas não estava comendo ou bebendo. Entretanto aparentemente parecia ter melhorado, soltei ele pra ver se voava no parapeito... não voou... e com o tempo fico definhando até morrer. Aquilo me deu uma tristeza, mas ao mesmo tempo deu uma explanação, uma epifania a respeito das coisas que são muito breves e como a vida do pássaro pode ir embora tão simplesmente. Também o gato, que mesmo causador de sua morte, não adiantaria brigar ou bater nele, visto que só estava seguindo sua natureza.
Amizade: raiva, orgulho, serenidade e perdão
Essa história que contei aí em cima é real, e ela acabou ajudando a fazer algo que estava planejando fazer no Dia do Amigo (20/07) mas acabei adiando: uma conversa franca com as pessoas que algum momento na vida tive ligação, mas por causa de algum aborrecimento (ora meu, ora dos outros) acabou se afastando. As pessoas que estou mandando essa mensagem, algumas voltaram a ser minhas amigas novamente, outras ficaram um pouco afastadas e outras cortaram os laços, só não sei se definitivamente. Talvez agora tire essa dúvida.
E por que estou fazendo isso? Porque certas coisas estão chateando demais e não quero ficar guardando mágoas por resto da vida. Estou com 33 e logo, logo estarei com 40, e vendo meu avô que fez 100 este ano me inspirou a cuidar mais de mim, que lógico é cuidar da minha saúde... Mas pra isso preciso me livrar de certas correntes que ainda me deixa preso, entre elas a raiva e o orgulho. Bem, a raiva estou começando a lidar, depois de uma experiência não muito agradável que tive meses atrás em que ela apareceu, eu tentei entender a situação e aprender a controla-la. Não digo que é fácil, pois não é... Entretanto essa é a única solução viável, visto que a raiva não serve pra nada, pois ela é como um veneno que a gente toma esperando que o outro morra. Já o orgulho confesso que foi mais difícil, já que as vezes você se sente ferido e baixar a guarda pra quem te feriu seus sentimentos é uma coragem muito grande, principalmente numa sociedade em que vê o "perdoar, ceder ou reconhecer seus erros" como fatores de fraqueza.
Eu mesmo tinha isso, querendo me reaproximar, mas como via a pessoa nem se importar, não fazia nada. Só que quando você tem uma ideia maior das coisas, quando você sai do seu mundo mesquinho e consegue ver o todo, percebe que isso é uma grande bobagem. O lance é fazer sua parte, se a pessoa continuar com a mesma atitude, aí é com ela. Se por acaso este e-mail não surtir nenhum efeito com nenhum do destinatários, que pelo menos sirva para perdoar a pessoa que mais precisa do meu perdão: a mim mesmo.
Falo isso porque muitas ações me sinto culpado por coisas que fiz e aparentemente não tem mais volta. Atitudes que eu tive com pessoas... Só que nem sempre podemos ficar lamentando, como disse, isso não vai mudar. No budismo uma ação mal empregada sofremos a sua conseqüência por muito tempo... MAS!!!... Se soubemos como lidar com elas, podemos neutraliza-las. E é isso que vejo: muitas pessoas que tive uma certa alegria no passado, hoje não me suporta e vice versa. E isso tudo por causa de uma ação, que não resolvida se transformou em outra ação, em outra... Eu vi que por mais injustiçado que possa estar, se senti bem ou mal vai depender só de mim. Eu não posso tirar os sentimentos negativos que alguém tem de mim, entretanto eu posso mudar os sentimentos negativos que tenho de outras pessoas, pois tendo consciência o quanto isso é nocivo pra mim e por outros, posso com empatia e compaixão tentar entender a outra e o porquê dela continuar a mesma. Além do mais, a melhor forma de mudar uma pessoa é mudando a si mesmo primeiro. Muitas religiões, filosofias e até mensagens em página do Facebook dizem que "a mudança vem dentro pra fora e não contrário". É algo tão simples que as vezes esquecemos ou não queremos dar importância.
Outro dia meu pai mostrou um texto em que um mestre tinha que escolher entre 2 quadros no qual mostrava mais serenidade. Um era lugar calmo, com árvores, tempo e sons de pássaros... O outro era chuvas, ventos e destruição. O mestre escolheu o 2º e todos ficaram espantados pela decisão do mestre. Aí ele mostrou que no canto do segundo quadro ali esta um passarinho em profunda calma, sem se abalar para o que acontecia em sua volta.
Eu não sei se me expressei bem, queria ter feito um texto mais bonito, mostrando tudo que pensei nestes últimos meses... porém como tenho a péssima mania de não anotar, quando vou escrever sai todo estranho. Vou começar a andar com um caderno de anotações, he, he, he... De qualquer forma ele foi feito de coração e de mente aberta sem rancor, eu acho... difícil dizer isso 100%, mas acho que uns 85% talvez. Mas como dizem "um passo é melhor do que nada". Se alguém que receber esse e-mail achar que é difícil, eu entendo, como disse: não é fácil lidar com a raiva, com o orgulho ou pedir perdão... mas fiz tendo consciência de possíveis reações. Talvez alguns vão ler e mudar em nada, outros vão refleti um pouco ou até aqueles que vendo quem é o remente nem vão perder tempo lendo, colocando logo no lixo, mas... Eu precisava disso, colocar um ponto final nesse ciclo. Quem quiser participar comigo num novo que pretendo iniciar, estarei aqui... Caso não queira, respeitarei sua decisão e irei torcer mesmo que distante.
E para encerrar uma outra história, que aconteceu já faz um tempo:
Em 1997 quando eu estava no 1º ano do 2º grau, tive um dissentimento com um amigo meu, amigo mesmo que fiz 2 anos antes.
Este amigo ele tinha estrabismo, e nessa fase da vida (adolescente) isso claro foi motivo de bullying (que na época nem era conhecido por essas bandas...), mas de uma certa forma não incomodava e levava numa boa. E como eu não importava muito com isso, a gente acabou se aproximando. O problema que naquela época eu era muito mais introspectivo do que sou hoje e você "ser na sua" parece que incomoda muito os outros que não sossega até te tirar do sério, o que realmente acontecia. Então, nós 2 juntos eram perfeitos para isso.
Encurtando a história é que por sermos estranhos, isso fazia um entender melhor o outro, mas nem sempre... E isso foi o motivo da separação.
Certa vez a gente saindo do colégio e indo pra parada de ônibus pra ir pra casa, eu, ele e meu vizinho (que também estudava no mesmo lugar), deparamos com um gato miando. Os 2 sabendo que eu gostava de gatos ficaram de me provocar, dizendo que iria chutar ele. Eu com muita raiva disse que se chutasse eu daria um murro na cara dele. Então quando parei amarrar meu cadarços, vi o vizinho dizendo "Big Lui é muito besta, parece que nem tem amigos". Isso me deu ódio tão grande, ódio que nunca tinha sentido em tenra idade. Para se ter ideia, isso aconteceu um pouco perto do antigo Laçador em Boa Viagem. Quando ele falou, eu se falar um pio, dê meia volta e fui andando, andando, andando... se remoendo de raiva, chegando no Hospital da Aeronáutica e só ali pegando o ônibus pra casa.
Quem conhece Recife sabe a distancia que percorri.
Depois desse dia, nunca mais falei com meu amigo e com meu vizinho, e isso lá se foi 17 anos. Relembrando vejo que foi uma grande besteira... Eu não estou tirando a minha razão de ter ficado zangado, mas agora vejo que podia ter tido uma reação mais racional, não ter jogado fora uma grande amizade por causa irritação momentânea.
Hoje em dia me arrependo, pois ele com certeza seria daquelas amizades que duraria por toda vida, que por causa de um orgulho infantil desprezei.
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